As retículas criadas cuja característica é suavizar a passagem tonal das imagens em diferentes porcentagens, são necessárias para reproduzir um trabalho com qualidade.
Mesmo arquivos vetoriais onde são incorporados tons de cor ou gradientes, precisará de meios-tons para imprimir os fotolitos.
As retículas são uma série de pequenos pontos alinhados em linhas. Uma porcentagem maior significa que mais pontos serão aplicados, criando uma imagem mais escura. Quando a porcentagem é menor, menos os pontos são impressos e a cor é mais clara.
Ao configurar meios-tons, existem fatores a considerar: LINEATURA (LPI), PORCENTAGEM, ÂNGULO e FORMATO DO PONTO.
LINEATURA
Frequência ou lineatura (LPI) é o número de pontos linear por polegada. Está diretamente relacionada com a definição da imagem no impresso. Quanto maior sua frequência, mais pontos por polegada, isso implica em pontos menores.
Enquanto uma lineatura superior pode reproduzir melhores detalhes, contrapartida será mais difícil de segurar esses pontos na tela e abrir todos eles ao realizar as gravações.
Sobretudo no segmento têxtil, 45 linhas por polegada (LPI) é a frequência recomendada para facilitar na gravação e ainda manter um bom detalhe na imagem.
PERCENTUAL
Outro fator que não podemos deixar de mencionar é o percentual mínimo da retícula, claro que isso depende de inúmeras variáveis como, quantidade de LPI, processo e principalmente substrato à ser impresso. Entretanto, para estabelecer um valor adequado será necessário realizar testes com áreas de mínima (entre 5% e 20%) para definir esses valores, embora não seja uma regra recomenda-se que seu trabalho não tenha retículas com percentual menor que 10% em sua grande maioria esse valor chega a ser recomendado é 15%.
Lembre-se que, melhor que retículas pequenas é aquela que será reproduzida com perfeição.
ÂNGULO
Nas reproduções de reticuladas, os pontos se apresentam alinhados e com certa inclinação. As quadricromias e simulados, quando possível, deve-se manter aproximadamente 30º de diferença entre cada cor para evitar um problema chamado MOIRÉ.
Quando na impressão não são formados as rosetas na geração da imagem acontece um efeito moiré, cuja característica é apresentar uma trama distorcida e geralmente quadriculada na imagem, conforme ilustrado na imagem abaixo. Isso também compromete a vivacidade das cores bem como a fidelidade na reprodução dos tons.
Existem alguns critérios que precisamos utilizar para definir o ângulo de cada cor, para facilitar a tomada de decisão vou estabelecer uma padronização dos ângulos. Os citados funcionam muito bem na quadricromia e podem ser utilizados com a devida adaptação nos simulados.
Ciano: 7,5° – Magenta: 67,5° - Amarelo: 82,5° - Preto: 37,5°
Outra configuração bastante funcional é:
Ciano: 15° – Magenta: 75° - Amarelo: 61° - Preto: 22,5°
Caso o trabalho tenha a base na cor branca, recomendamos a utilização dos mesmos valores de ciano, outra possibilidade é avaliar a cor com angulação mais distante e repeti-la.
Como demostrado na figura acima ângulos como 45 ou 90 graus não são recomendados, porque eles se alinham com os fios da malha, isso pode fazer com que tenha perda de pontos ou sejam cortados ocorrendo um padrão moiré.
FORMATO DO PONTO
A forma do ponto é o fator final. Existem várias formas que podem ser usadas, mas elíptico é o recomendado. Fornece mais área do que um ponto redondo, então há mais oportunidade para o ponto ser impresso do que cortada pelas linhas da tela. Além disso ele favorece bastante passagens tonais mais suaves, o que beneficia muito regiões com degrade.
Nesse artigo podemos observar que o assunto é mais amplo do que imaginamos, uma simples retícula proporciona inúmeras variáveis e pontos que devem ser levados em consideração para uma melhor reprodução do trabalho.
Referência: CLEMENT, Dane. Separações para serigrafia. Revista SGIA. Estados Unidos. v.8 , p.8-9, 2020.
Referência: AGUIAR, Mara; SOARES, Rodrigo Venturi. Fechamento de Arquivo. Edição 1. Editora SENAI_SP.
Leonardo Rocha (Técnico Serigráfico e Professor): Possui graduação em Tecnologia de Produção Gráfica pela faculdade SENAI Theobaldo De Nigris. Tem experiência na área de produção de arquivos digitais para o segmento gráfico de embalagens metálicas, ênfase em Projetos e Planejamento no processo serigráfico. Precursor da oficina de serigrafia para pessoas com deficiência visual. É instrutor na SILKTV Academy.
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Fernando, o ponto elíptico entre 45 e 50 LPI terá ótimos resultados. O ponto elíptico oferece maior área para ancoragem tanto na tela quanto no tecido.
Rodrigo, um LPI bacana é entre 45 e 50, dessa forma você reduz a chance de perda de ponto, porém sempre se atentando às áreas de minima e máxima.
Eu gostaria de pegar carona na pergunta do Rodrigo Rascher... De fato as malhas comercializadas no Brasil na maioria das vezes, possuem trama aberta, isso é um fator preponderante, entre outras coisas. Quem trabalha com tecidos mais populares tem dificuldade para encontrar um "ponto de equilibrio" nesse aspecto para que a estampa apresente grau aceitavel de qualidade. Deve haver um ponto que seja mais indicado.
Refletindo sobre tudo que tenho estudado, cheguei a conclusão que se você não quer um resultado sem falhas, você fica limitado ao LPI por causa do tecido !
No Brasil, as malhas mais mais usadas não são como as malhas lá fora, como no Perú por exemplo, (Certo Moacir?) em que é extremamente fechado a trama do tecido e com isso as retículas minúsculas não se perdem.....
Eu gostaria de saber qual LPI seria um padrão, digamos assim, para as malhas de algodão aqui no Brasil.
Parabéns pela postagem, excelente fonte de consulta, muito bem explicado e de fácil compreensão.